sexta-feira, 1 de março de 2002

Carta de Luiz Leduc Júnior dirigida à direção de uma Rádio FM em Goiânia-GO

(2º da Série: "Goiânia, Cidade Maravilha")
Goiânia, 1º de março de 2002
            “Ouvi, hoje, por volta das 10;30 hs. da manhã, nessa emissora, comentário em torno do aumento populacional de Goiânia que, segundo mencionaram, teria sido construída para abrigar “ apenas cerca de 50.000 habitantes e no entanto já superou a casa de um milhão”.  Pensei que o fundador da cidade iria, ali, ser aplaudido pelo seu grande feito, conseguido a duras penas, malgrado grande oposição de mesquinhos interessados na irrealização do sonho do grande estadista que se revelou, entre outras obras, com a construção da cidade, verdadeiro visionário, que desejava dar a Goiás uma estrutura para suportar o grande crescimento que certamente viria e esse foi, indubitavelmente, o seu grande propósito. Mas, qual não foi a minha decepção, quando ouvi a comentarista dizendo, mais ou menos, estas palavras: “Pedro Ludovico errou feio quando falou que a cidade seria destinada apenas a abrigar o funcionalismo público, com cerca de 50.000 pessoas e que, ao contrário, já ultrapassou a casa de um milhão de habitantes”. Agora, pergunto: e o seu grande feito, realizado sob intensa pressão dos adversários políticos que só não o descartaram definitivamente, por obra e graça do Divino Mestre, que lhe havia destinado esta grande missão, a qual teria de concluir, para o deleite desta grande massa humana que hoje usufrui de tudo o que esta bela cidade proporciona a todos que aqui vivem e trabalham e sem a qual estaríamos todos incrustados às margens do Rio Vermelho, sujeitos às suas enchentes e avalanches de toda espécie?
            Que não se dê a Pedro Ludovico o lugar que ele merece na história. Que não se dê o seu nome a grandes avenidas, como a Goiás, por exemplo, ou ao magnífico Aeroporto da cidade, hoje Santa Genoveva, nome do Setor onde está situado, que não se elogie o seu grande feito. Mas, levantar a voz para criticar o seu “erro feio” por ter a população aumentado e isto graças à sua grande obra, é não ter amor às nossas coisas, um verdadeiro desestímulo a quem trabalha em prol da coletividade. É a política, que nos conduz por caminhos estranhos. Na placa da inauguração do Parque das Rosas, está escrito: “Construído na Administração do Exmo. Sr.  Dr. Pedro Ludovico, Interventor Federal 1940-1941”. Nem mesmo o seu Secretário de Obras sabia que ele havia sido o fundador da cidade, pois, do contrário, teria enaltecido a sua magistral obra, com uma referência naquela pequena placa.
            Onde estão os grandes monumentos ao seu fundador? Onde estão os grandes logradouros com o seu nome? Há uma pequena estátua entre as árvores, na Praça Cívica. Caberá à posteridade colocá-la em seu devido lugar. Agarremos essa bandeira!”
as. Luiz Leduc Júnior